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terça-feira, 17 de agosto de 2010

                                                        Alienação


  Esses jovens de hoje, tão alienados...". Esta expressão, que a maioria de nós já ouviu alguma vez na vida, provavelmente foi entendida como se referindo ao fato de que, na juventude, não temos muita responsabilidade, queremos mais é curtir a vida. Mas, afinal de contas, será que somos alienados? O que é, então, alienação?
O conceito de alienação é comum a vários domínios do saber. Em psicologia e psiquiatria, fala-se de alienação para designar o estado mental da pessoa cuja ligação com o mundo circundante está enfraquecida. Em antropologia, a alienação é o estado de um povo forçado a abandonar seus valores culturais para assumir os do colonizador. Em sociologia e comunicação, discute-se a alienação que a publicidade e os meios de comunicação suscitam, dirigindo a vontade das massas, criando necessidades de consumo artificiais e desviando o interesse das pessoas para atividades passivas e não participativas.

Em filosofia política, fala-se de alienação para designar a condição do trabalhador que, à semelhança de uma peça de engrenagem, integra a estrutura de uma unidade de produção sem ter nenhum poder de decisão sobre sua própria atividade nem direitos sobre o que produz. Transcendendo o âmbito da produção, a alienação se estende às decisões políticas sobre o destino da sociedade, das quais as grandes massas permanecem alijadas, e mesmo ao âmbito das vontades individuais, orientadas pela publicidade e pelos meios de comunicação de massas.
O termo entrou no vocabulário contemporâneo graças a Karl Marx, que, assim como no caso do conceito de dialética, retirou a idéia de alienação de suas leituras de Hegel, mas o revestiu de um caráter inovador e, como em tudo em Marx, muito crítico.
Tanto em Marx quanto em Hegel, alienação está ligada ao trabalho. Para Hegel, o trabalho é a essência do homem, quer dizer, é somente por meio de seu trabalho que o homem pode realizar plenamente suas habilidades em produções materiais.
Mas quando o pensamento puro se torna pensamento sensível, visando uma realização material na forma de trabalho, nos alienamos, isto é, nos separamos da essência pura e abrimos caminho para uma separação entre ideal e real, que de novo irão se unir ao que Hegel chama de Espírito Absoluto.
Muito abstrato? Marx também achou, mas viu nestas idéias algo interessante, que poderia explicar as relações sociais no capitalismo e, mais do que isso, desvendar um dispositivo fundamental da máquina capitalista.
Para isso, voltou-se para a realidade concreta, em que os trabalhadores eram explorados em fábricas e deixavam seus patrões cada vez mais ricos, enquanto eles e suas famílias ficavam cada vez mais pobres. Como poderiam aceitar tal coisa?
 
                                     Trabalho Alienado

  Alienação, para Marx, tem um sentido negativo (em Hegel, é algo positivo) em que o trabalho, ao invés de realizar o homem, o escraviza; ao invés de humanizá-lo, o desumaniza. O homem troca o verbo SER pelo TER: sua vida passa a medir-se pelo que ele possui, não pelo que ele é. Isso parece familiar? Pois é, vamos ver os detalhes.
O filósofo alemão concebeu diferentes formas de alienação, como a religião ou o Estado, em que o homem, longe de tornar-se livre, cada vez mais se aprisionaria. Mas uma alienação é básica, segundo Marx: a alienação econômica.
A alienação econômica pode ser descrita de duas formas: o trabalho como (a) atividade fragmentada e como (b) produto apropriado por outros.

                                 Lazer Alienado


  O processo de alienação na sociedade industrial afeta também a utilização do tempo livre destinado ao lazer.
A indústria cultural e de diversão vende peças de teatro, filmes, livros, shows, jornais e revistas como qualquer outra mercadoria. E o consumidor alienado compra seu lazer da mesma maneira como compra seu sabonete. Consome os “filmes da moda” e frequenta os “lugares badalados” sem um envolvimento autêntico com o que faz.
Agindo desse modo, muitos se es­forçam e fingem que estão se divertindo, pensam que estão se divertindo, querem acreditar que estão se divertindo. Na verdade, “através da máscara da alegria se esconde uma crescente incapacidade para o verdadeiro prazer.

                                   Consumo Alienado

  Num mundo em que predomina a produção alienada, também o consumo tende a ser alienado. A produção em massa tem por corolário o consumo de massa.

O problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem de maneira alienada.
Como o consumo alienado não é um meio, mas um fim em si, torna-se um poço sem fundo, desejo nunca satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais do homem, o que faz com que as pessoas gastem sempre mais do que têm. O próprio comércio facilita tudo isso com as prestações, cartões de crédito, liquidações e ofertas de ocasião "dia das mães" etc.

Mas há um contraponto importante no processo de estimulação artificial do consumo supérfluo - notado não só na propaganda, mas na televisão, nas novelas -, que é a existência de grande parcela da população com baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de consumir. O que faz com que essa massa desprotegida não se revolte?
Há mecanismos na própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de que vivem numa sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há possibilidade de mudança, ou seja, "um dia eu chego lá".E se não chegam, "é porque não tiveram sorte ou competência".








Fontes:

http://educacao.uol.com.br/filosofia/marx-alienacao.jhtm
http://gustavohbo.wordpress.com/2009/02/10/lazer-alienado/
http://textosfilo.blogspot.com/2008/09/o-consumo-alienado.html

3 comentários:

  1. Na minha opinião a mídia controla até o jeito de ser, a maneira de pensar, a visão social, ou seja, ela faz uma lavagem cerebral em todos, e assim mantém a harmonia e a hierarquia social, onde o rico se dá bem e o pobre se dá mal.
    Os pais de hoje em dia estão tão preocupados no status de seus filhos que eles acabam sendo só mais um no meio da multidão, querem que eles se formem e sejam doutores, homens de sucesso, dinheiro é necessário, claro, mas esse tipo de pensamento é passado para sociedade para que continue tudo como está, e ninguém faça nada para mudar, então os pais ficam preocupados com o status de seus filhos e eles se transformam automaticamente em mais uma marionete e não fazem diferença alguma na sociedade,exemplo disso são as modinhas como por exemplo roupas coloridas por influência da banda da moda Restart,e o cabelo franjão dos meninos por causa do Justin Bieber(a maioria dos meninos q usam franjão não gstam mto de JB)mas quando essa banda parar de fazer sucesso e surgir um novo Justin vai surgir outra moda e td mundo vai andar igual de novo todos terão o msmo conceito de beleza e moda de novo.

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  2. Se trabalho trás alienação então quem não é alienado?
    Obviamente quem não é alienado é o vagabundo, como Marx, que nunca trabalhou na vida, viveu por toda a vida as custas do dinheiro da esposa e de Engels, Marx não era alienado.
    Mas eu, que sou trabalhador e vivo do meu trabalho e não sugando o dinheiro dos outros, sou alienado para o marxismo.
    Não existe nada mais estúpido jamais pensado por um humano que essa loucura.

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